quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Não quero ser mais uma música do Roberto Carlos.


O dia surge frio, de um céu cinza perolado que há muito não se via, com ele vem toda a melancolia de viver entre dois pilares do qual, só poderei deixar um erguido.
Sempre tive em mente que nossa vida é baseada em escolhas, algumas simples e outras tão complexas que podem mudar o nosso rumo para sempre. Algumas dessas decisões quando tomamos, fechamos com ela uma porta de um caminho que não poderemos sequer olhar através da fechadura. Mas não adianta tentar burlar essa lei da natureza, sempre teremos que optar e arcar, esse é um ciclo que nunca cessa, mas o que fazer quando as escolhas são peças fundamentais na sua vida? Quem seria capaz de trocar um amor por um sonho? Ou um sonho por um amor? Eis o ponto... O relógio marca 9 horas e 27 minutos, no rádio Roberto Carlos pincela meu dilema. Céus! Eu sou uma música do Roberto Carlos! Não quero mais ouvir! Não quero mais ter que pensar! Desligo...
Em meu iPod sou abraçado por Agradecimento*, que ironia do destino... Não estou a salvo em meu refúgio, a vida conspira, empurra, me faz engolir a realidade que tarda, mas sei que chegará como o Sol que um dia morrerá e levará os planetas, cometas, asteroides, pessoas, sentimentos, sonhos, terra, água, ar, lembranças... Com seu calor insaciável. É irremediável. Minha adorável Quimera que vive no paraíso azul, onde o pudor, o julgamento e o mundo dá lugar à arte, aos limites, a melodia, ao conforto dos seus braços, ao fogo que de seus lábios acariciam minha pele, ao descontentamento descontente... E posso perdê-la... Perder a chave da entrada do Éden Anil e ir para o inferno cinzento, onde o tempo me consumirá até as entranhas, em que a solidão será minha fiel companheira, mas onde eu aprenderei a ser o que nasci para ser, onde serei lapidado, onde minha pele será marcada, rasgada, arrancada e poderei me tornar também a Quimera que me alimenta.
Não pensarei mais... Não consigo... Não imagino... Me desligo.
*Agradecimento música de Bárbara Eugênia.